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III Encontro de Culturas Negras

Larissa Luz realiza espetáculo marcante no III Encontro de Culturas Negras

Publicado: Sábado, 02 de Dezembro de 2017, 12h46 | Última atualização em Terça, 04 de Janeiro de 2022, 13h50

Performance da artista apresentou as músicas de seu último álbum,  Território Conquistado

 

Larissa Luz escreveu o enredo do III Encontro de Culturas Negras durante seu espetáculo no evento, realizado na noite de ontem, 2, em linhas pintadas de luta, enfrentamento e negritude. A plateia, composta por representantes dos câmpus do IFG e membros da comunidade local, dividiu a atenção entre a performance exuberante da cantora e a própria vontade de dançar.

Relembrar a apresentação de Larissa apenas pelo seu repertório é fazer vista grossa à artista impacto total que se apresentou no Encontro. E note que, de repertório, ela não deve nada a ninguém - com Território Conquistado, seu último álbum, Larissa foi indicada ao Grammy Latino 2016, na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.

Larissa entrou em palco encapuzada, como um lutador que presta reverência ao seu território – ao seu terreiro – de combate, tirando a plateia do chão com uma percussão vibrante, guitarras distorcidas e arranjos eletrônicos. Não é sempre que se vê uma artista com expressão de palco tão lacerante, digna dos pesos pesados da música pop brasileira.

Por trás de sua capa, o figurino seguiu as tonalidades provocantes e confrontadoras que permeiam o seu trabalho. O collant prata e preto, o par de botas salto alto e de cano até os joelhos, chamaram a atenção do público para a mensagem de empoderamento da artista, anunciada, cheia de gracejos, junto à música Meu Sexo - “E quem disse que é pra você?”.

Mas o figurino de Larissa brilha mais em seu cabelo, exibindo duas tranças longas, até a cintura, e que amarram no corpo a representação da identidade negra. Em sua performance de Bonecas Pretas,  a compositora deu seu grito pela invasão da pele preta nas estâncias de representação e por transformação.

Acompanhada por um par de dançarinas, a artista mostrou o traquejo de sempre na voz , mantendo um tom de voz forte, bem modulado e seguro, mesmo nos momentos mais intensos da coreografia, também cheia de significados. O público manifestou-se aos gritos frente a um trecho da coreografia, marcada por movimentos robóticos, num jogo sobre a objetificação do corpo feminino.

Fazendo uma pausa necessária no ritmo estasiante do show, Larissa adereçou diretamente o público do Encontro e urgiu a luta pelos direitos, representatividade e respeito dos negros. Citando Elza Soares, "a carne mais barata do mercado é a carne negra - agora não é mais!", declarou Larissa. "Agora, a gente tem o poder de dizer - parem de nos matar!", concluiu Larissa, de forma contundente.

Em todas as características marcantes de Larissa Luz, como cantora, compositora e mulher militante das causas étnicas e de gênero, a artista ofereceu um retrato cantado com perfeição, redigido em Letras Negras, da força que subjaz e move o Encontro. Vendo o público do evento ao fim do de Larissa Luz, era unânime - a artista deixou marcas permanentes no Encontro de Culturas Negras.

 

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Uruaçu.

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