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COVID-19

Isolamento social é a medida mais eficaz contra a disseminação do vírus, reforça médico pesquisador

Publicado: Segunda, 30 de Março de 2020, 09h02 | Última atualização em Quarta, 08 de Abril de 2020, 11h46

Thomaz Fleury Curado, goiano radicado nos Estados Unidos, concedeu entrevista exclusiva ao IFG

Dr. Thomaz Fleury Curado, médico e pesquisador
Dr. Thomaz Fleury Curado, médico e pesquisador

 

O novo coronavírus pertence a uma família de vírus já conhecida (corona), mas ele tem uma característica muito especial: a capacidade de mudar de um hospedeiro para outro, ou seja, de se espalhar. Dessa maneira bem didática, o médico e pesquisador Thomaz Fleury Curado explicou porque o Covid-19 causou uma pandemia, atingindo a maioria dos países do mundo.

Ele é goiano, médico otorrinolaringologista e intensivista, pesquisador da Faculdade de Medicina da Johns Hopkins University (Baltimore/USA) e integra uma equipe que está investigando as formas de tratamento das enfermidades causadas pelo novo vírus. Na noite desta sexta-feira, 27, ele concedeu uma entrevista ao vivo, pelo Instagram, ao IFG. A entrevista foi conduzida pela diretora de Comunicação Social, Adriana Souza Campos.

Isolamento

O pesquisador afirmou categoricamente que o distanciamento/isolamento social é a medida mais eficaz para conter a disseminação do novo coronavírus. “Isso (o isolamento) está muito bem fundamentado em epidemiologia (estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas). Quando se trata de doenças respiratórias, a aglomeração ajuda na proliferação. Então, afastar as pessoas é um jeito de diminuir a velocidade da progressão da doença”, explicou.

Thomaz citou os estudos recentes do Instituto Butantã, feitos na cidade de São Paulo, epicentro da doença no Brasil. Segundo os estudos, a contaminação na capital paulista iniciou-se na progressão de um para seis (um infectado com o vírus contaminava outros seis). Depois das medidas de isolamento social determinadas pelo governo estadual, a progressão da contaminação baixou de um para dois.

A abrangência das medidas de isolamento, completou, deve ser estudada, “porque não há uma fórmula ideal”. Mas o isolamento social é necessário e eficaz, até mesmo porque o número de contaminados, com certeza, é maior do que apontam as estatísticas, enfatizou.

Mortes

O médico e pesquisador sustentou que a orientação de isolamento social é para todos, mas lembrou que quem pertence ao chamado grupo de risco teve ter ainda mais cuidado. Integram o grupo de risco os idosos e as pessoas de qualquer idade com alguma outra doença. “Na China, até o tabagismo mostrou-se prejudicial”, comentou.

Segundo ele, o novo coronavírus pode provocar desde sintomas semelhantes a um resfriado simples até uma insuficiência respiratória aguda. “Ele causa uma inflamação pulmonar difusa, uma pneumonia que acomete todo o pulmão. Com isso, o paciente perde a capacidade de respiração”.

Thomaz Freury Curado fez questão de ressaltar que o vírus não atinge somente as pessoas do grupo de risco. “A gente está aprendendo com o vírus na medida em que ele está evoluindo. Sabemos que para os pacientes idosos e com comorbidade (mais de uma doença) a situação é mais grave. Mas pessoas jovens podem ser acometidas e até morrer”, disse.

Colapso

De acordo com o médico pesquisador, um dos maiores problemas da pandemia causada pelo COVID-19 é a saturação dos sistemas de saúde. Com muitos pacientes chegando aos hospitais ao mesmo tempo e muitos necessitando de apoio respiratório as unidades de saúde não conseguem atender a todos.

“É para isso que estamos chamando a atenção e é o colapso do sistema de saúde que estamos tentando evitar. Não é um problema de uma só idade”, acrescentou. O colapso dos sistemas de saúde pode deixar sem assistência médica pacientes infectados com o Covid-19 e pacientes com as mais diversas doenças, em especial os que necessitarem de um aparelho respirador. Thomaz mostrou-se animado com as pesquisas que estão sendo desenvolvidas no IFG para o compartilhamento de um mesmo respirador por até quatro pacientes.

Para evitar o colapso dos sistemas de saúde as autoridades sanitárias trabalham para escalonar a contaminação pelo vírus. É o que está sendo chamado de “achatamento” da curva de progressão: escalonar o contágio, para que não haja grande número de doentes ao mesmo tempo.

Prevenção

Além do isolamento social, a sociedade pode contribuir para esse achatamento da curva de contágios cuidando da higiene. Thomaz Fleury reforçou a importância de lavar as mãos com água e sabão com regularidade e, em especial, quando chegar em casa. Também recomenda que todos prestem atenção e utilizem a mão não dominante para abrir portas, apertar botões etc. Isso porque o hábito de tocar o rosto é executado pela mão dominante. Quando não for possível lavar as mãos, utilizar álcool gel para higienizá-las.

Também é preciso cuidar da higiene respiratória, lembrou. Se alguém tem sintoma gripal, deve utilizar máscara. Ao tossir ou espirrar, é preciso proteger boca e nariz, de preferência com lenço descartável ou, na impossibilidade, com o antebraço.

A automedicação não faz parte das medidas preventivas e deve ser evitada por todos, pois apresenta riscos. Thomaz Freury informou que a hidroxicloroquina está sendo testada, mas somente em pacientes graves. Portanto, ninguém deve tomá-la por conta própria. Essa droga, informou, pode causar sérios efeitos colaterais e não foi nem testada para casos leves.

Telemedicina

O médico e pesquisador informou ainda que a comunidade científica está pesquisando várias alternativas para debelar o novo coronavírus; que alguns testes são promissores, mas ainda não há cura. Ele disse também que existem estudos sobre vacina, que poderão ter resultado a médio prazo (cerca de dois anos).

Outro aspecto abordado durante a entrevista foi o avanço da telemedicina (assistência médica com uso de tecnologias que permite contato a distância entre médico e paciente). Segundo ele, a telemedicina não é o suporte ideal, mas pode ajudar, em determinadas situações, médicos e pacientes. “A ideia é desafogar os serviços de saúde, e é possível acompanhar e orientar os pacientes a distância”, afirmou.

Outras ações

Como parte desse esforço coletivo, o IFG está atuando em conjunto com outras sete instituições goianas (IF Goiano, Fapeg, PUC GO, UFG, UFJ, UF Cat e UEG), na ação #ficaemcasagoias, e nacionalmente, com 38 institutos federais, com os cefets, o Colégio Pedro II e o Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica), com a campanha #FicaEmCasaRedeFederal que teve início nesta quarta-feira, 25 de março.

Atualize-se sobre as ações preventivas adotadas pelo IFG: https://www.ifg.edu.br/coronavirus


Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

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