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dia do índio

Câmpus Uruaçu recebe representações Karajá e Xavante

Publicado: Quarta, 18 de Abril de 2018, 14h41 | Última atualização em Terça, 04 de Janeiro de 2022, 13h50

Debate com etnias indígenas marca evento na semana em que é comemorado o Dia do Índio, 19 de abril

 

Representantes das etnias Xavante e Karajá visitaram o Câmpus Uruaçu do IFG na tarde de ontem, 17, para participar de uma conversa com a comunidade acadêmica sobre as origens, tradições e desafios dos povos indígenas. O evento foi promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) do Câmpus Uruaçu, que surgiu a partir dos Encontros de Culturas Negras realizados na instituição.

Rafaella Karajá, 30 anos, iniciou a discussão questionando as imagens preconcebidas sobre os povos indígenas que circulam no imaginário da população. "Esses estereótipos criados nesses romances, do índio forte, moreno e de cabelos lisos, não condizem com a realidade", revela a Karajá. Segundo Rafaella, "existem índios de pele branca, dos olhos claros e cabelos crespos", entre outras variações étnicas que são pouco reconhecidas.

"São 250 povos indígenas no Brasil, com culturas, rituais e cerca de 150 línguas diferentes", complementa Idejarrina Karajá, 34 anos e esposo de Rafaella. O Karajá ainda faz uma provocação, a partir do conceito de indígena - "[índios] são pessoas nativas, pertencentes à cultura própria - portanto têm identidade - de uma determinada região. Sendo assim, os aborígenes australianos, os esquimós, o habitante nativo da escandinávia, todos são índios nesse conceito". Para Idejarrina, índio é qualquer um que pertença à cultura típica de uma determinada região.

Os Xavante participaram da discussão representados por Marinho Xavante, 51 anos, que falou em nome dos dez membros de seu povo que prestigiaram o evento, entre crianças, jovens, adultos e idosos. Marinho recordou da trajetória Xavante, que "saiu expulsa da região do Rio de Janeiro" até encontrar seus assentamentos atuais, em grande parte no Mato Grosso, onde se encontra sua aldeia.

"O branco diz que descobriu e deu nome ao que chamam hoje de América, mas não é verdade", Marinho argumenta. Achados arqueológicos apontam a presença dos povos indígenas no Brasil há mais de 10 mil anos. O Xavante frisa que o território brasileiro já havia sido "encontrado" e era a terra natal de inúmeras tribos há milênios.

E os registros históricos europeus não mentem. Na carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, Manuel I, sobre a descoberta do Brasil, o explorador descreve: “E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito [...]. Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.” Portanto, quando chegaram, os portugueses já encontraram habitantes locais, o que deixa questões sobre a natureza do "descobrimento".

Após a rodada de palestras, os Xavante prestigiaram o evento com algumas de suas danças tradicionais e convidaram alunos da instituição para participar do gesto. Também foram expostos objetos artesanais indígenas e realizadas pinturas corporais típicas Xavante nos participantes do evento.

 

Neabi

Segundo a professora de sociologia e integrante do Neabi, Carla Cordeiro, "a principal preocupação de trazer essas famílias até a instituição é tirar essa imagem estereotipada do Dia do Índio". Carla questiona a maneira como os povos indígenas são representados em sociedade, em especial nos ambientes educacionais. "É importante trazer o índio para falar dele mesmo, em vez de apresentar ele na visão do outro", lembra a professora.

O Neabi foi formado no ano de 2018, inspirado pelas discussões de questões étnicas fomentadas de forma contínua pelos três Encontros de Culturas Negras realizados no Câmpus Uruaçu do IFG, desde 2014. O Núcleo de Estudos é formado por servidores e discentes da instituição e se reune quinzenalmente, propondo a leitura e debate de textos e vídeos, a respeito das questões étnicas afro-brasileiras e indígenas.

 

Dia do Índio

O IFG Câmpus Uruaçu participa amanhã, 19, das atividades de celebração do Dia do Índio promovidas pelo Memorial Serra da Mesa. O Memorial é um espaço científico e educativo, que promove atividades de extensão, pesquisa, cultura e ensino. Conta com réplicas de aldeia indígena, vila colonial e quilombo, exposições sobre a evolução do homem, formação geológica e do ecossistema do cerrado, entre outras exposições.

 

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Uruaçu.

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