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15º FESTIVAL DE ARTES DE GOIÁS

“Risco traz possibilidade de movimento e paralisia, temos que fazer pelo movimento”, ressalta Marcelo Bones

Publicado: Quarta, 04 de Novembro de 2020, 10h57 | Última atualização em Quarta, 04 de Novembro de 2020, 11h01

Atividades do evento ocorrem de forma online na tarde de hoje, 4, às 15 horas, e nesta quinta-feira

Festival de Artes de Goiás é realizado até esta quinta-feira, 5
Festival de Artes de Goiás é realizado até esta quinta-feira, 5

A centralidade na criação e implantação de políticas públicas de cultura, a necessidade de articulação entre os movimentos sociais, instituições de ensino, artistas e produtores culturais em torno da defesa de ações nacionais efetivas na área cultural permearam a mesa de abertura do 15º Festival de Artes de Goiás. O evento, realizado pelo Instituto Federal de Goiás (IFG), teve início da noite dessa terça-feira, 4, com transmissão ao vivo pelo canal IFG Comunidades, no Youtube, local onde todas as atividades serão transmitidas e disponibilizadas até o encerramento nesta quinta, 5.

“Cada vez mais, a gente como artistas, produtores, temos que buscar a universidade também e olhar para seus territórios, pesquisar esses territórios. Às vezes, a gente esquece que ao lado, seu vizinho, tem coisas importantes acontecendo, é um bom convite a nós artistas fazermos o convite para aprofundarmos a proximidade com seu território, com seu entorno, potencializar isso e conseguir construir cada vez mais essa renda costurada, bordada entre a política pública – setor, artistas – e as instituições de ensino, nessa teia”, afirma Marcelo.

O produtor, diretor artístico e atual diretor de Articulação da Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Marcelo Bones, um dos convidados da mesa-redonda, ressaltou que o momento é de articulação e movimentação, remetendo ao tema escolhido nesta edição do Festival: Risco. “É um traço que vai de um lugar a outro, uma possibilidade da gente poder trabalhar essa movimentação, se articular, criar estratégias e lidar com a realidade com essas estratégias”, afirma.

O Festival, segundo o gestor, é importante por reafirmar o espaço de debate em torno do lugar da cultura como formação, como entretenimento, como saúde mental, principalmente no momento de pandemia pelo qual o mundo todo está passando. “O que a pandemia nos trouxe de importante foi criar um diálogo mais transversal. O mundo acadêmico está se mexendo e se movimento de maneira mais intensa do que a gente tinha antes. Não só esta conversa, mas muitas outras que estão acontecendo no período pandêmico, estabelecendo a cultura nas instituições federais, porque é necessário aprofundarmos nesses diálogos. Temos aqui dois setores muito importantes, da educação e da cultura”, comenta.

Na visão de Marcelo Bones, o debate em torno da reaproximação da cultura com a educação é fundamental, pois são duas áreas indissociáveis. “Temos que recuperar essa possibilidade de não existir cultura sem estar ligada à formação, à educação. Os IFs representam uma parte importante desse complexo sistema educacional brasileiro, sempre tiveram uma forte atuação em relação à extensão, à pesquisa. Agora, estamos vendo dois setores tão importantes para humanidade sofrendo ataques. Temos que criar estratégias fundamentais para resistirmos a isso”. Nesse contexto pandêmico, o movimento nas instituições públicas deve ser de aproximação dos “seus territórios”, segundo Marcelo.

Nessa mesma perspectiva de articulação, a professora e diretora de Cultura da Universidade Federal de Goiás (UFG), Flávia Maria Cruvinel, relembra um importante momento para o setor cultural em Goiás, a criação da Rede de Cultura Ipes/GO. A Rede foi criada neste ano de 2020 e congrega as instituições públicas de ensino superior do Estado: UFG, IFG, Instituto Federal Goiano (IF Goiano), a Universidade Estadual de Goiás (UEG), as universidades federais de Jataí (UFJ) e de Catalão (UFCAT). Estão sendo realizados diferentes projetos, como mapeamento de espaços e equipamentos culturais do Estado, ações de fortalecimento da cultura nas instituições, caravana cultural e outros. Segundo a diretora, a organização em torno da Rede ocorreu efetivamente a partir de 2018. Ela mencionou que a cultura não faz parte das políticas dos governos e que “por não termos uma política de Estado, temos essa fragmentação das políticas culturais”.

O mediador da mesa que tratou das políticas públicas de cultura, professor do IFG e diretor do Câmpus Cidade de Goiás, Sandro Ramos de Lima, relembrou o histórico do Festival de Artes, com sua primeira edição realizada em 1998. “Em 1998, quando o Festival surgiu, a gente comemorava os 90 anos da escola técnica. O Festival é o lado afetuoso de trazer uma instituição, que poderia ser tecnicista, já que é profissional, tecnológica, mas trazemos a escola para outro lugar, temos a disputa de concepção do que é escola. O Festival é a materialidade de uma história de luta, com mais de 60 professores de Arte hoje, no IFG”, destaca. A inserção da arte e da cultura na Instituição perpassa também pelos cursos de licenciatura em Dança, Artes Visuais, Cinema e os cursos técnicos integrados no campo da arte. Com isso, o “IFG consolida uma trajetória ampla, profunda, inspiradora e ousada”, finaliza.

 

Abertura

A solenidade de abertura do 15º Festival de Artes de Goiás contou com a participação do reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva, do pró-reitor de Extensão, pasta responsável pela organização do evento, Daniel Silva Barbosa, o representante da Comissão Organizadora do Festival, Frederico Bernardes Chaves, e mais de 100 participantes que interagiram ao vivo durante a transmissão.

Jerônimo lembrou também do lançamento da Rede de Cultura das IPES-GO como um grande salto. “Essa foi uma das grandes ações. É um momento de nos aglutinarmos em termos de instituição, para que possamos também comemorar a vida através da arte, da cultura, isso é muito importante para todos”, destaca.

Em relação às ações que o IFG vem realizando na promoção da arte e da cultura, o pró-reitor Daniel destacou os editais do InspirArte e as submissões de atividades para o espaço Arrisque-se, que ocorre durante o Festival de Arte. “Estamos com dois editais, um é o InspirArte, para podemos refletir a partir da arte o que podemos fazer neste momento. Temos 90 projetos que serão fomentados e até o final do ano e que vamos começar”, disse.

Uma das produções oriundas do InspirArte foi exibida durante a solenidade de abertura na noite de ontem, o vídeo Quando o retorno à escola nos inspiram leituras poéticas: Saudade das aulas - episódio 1 (Assista ao vídeo e conheça os participantes). A produção foi contemplada no edital Inspirarte. A produção e roteiro são de Ludmyla Marques, com episódios marcados para estrear aos sábados, sempre às 10 horas. Outra ação foi a criação do canal institucional no YouTube – IFG Comunidades, destinado à transmissão e disponibilização dos eventos e ações ligados à extensão.

 

A realidade das políticas públicas de cultura

Em relação ao panorama das políticas de cultura do país, Marcelo Bones pontua o cenário negacionista em torno dessa área e também em relação à ciência, que tem “sido atacada bravamente”, mas cujo coletivo tem resistido. O movimento intelectual e da imprensa em torno do “fim” do Ministério da Cultura, que agora está sob a alçada do Ministério do Turismo, foi muito categórico, segundo o produtor. Para ele, tem sido um momento de desconstrução de um plano maior de cultura criado para o país em outras gestões ministeriais. “Gilberto Gil e Juca Ferreira foram fundamentais para vermos o que poderia ser a política pública na cultura. Muitas vezes incompleta ou frágil, mas foi feita sempre pensando na participação, na descentralização e no diálogo com setores que não tinham voz até então. Naquele momento, o plano nacional de cultura foi sendo costurado pela sociedade, pelos colegiados setoriais, sendo realizadas as conferências nacionais de cultura, que tiveram um papel fundamental nesse momento de construção; nessa luta, no pensamento democrático de cultura”, reafirma.

A realidade de hoje se mostra bem diferente, na visão de Bones, com a falta de um projeto de Estado em torno das políticas públicas de cultura em meio à postura de desmonte no ensino, na ciência e em diversos setores. Um dos grandes desafios, na visão do diretor, é a “construção dessa articulação das políticas públicas. Teremos que estabelecer um interlocutor válido nesse momento, estabelecer a relação com a universidades”, finaliza.

Um dos aspectos positivos deste momento, mencionado por Marcelo, Flávia e Sandro, foi a criação da lei emergencial “Aldir Blanc” (Lei nº 14.017/2020), cujo intuito foi promover ações para garantir a renda emergencial para trabalhadores na área da cultura e a manutenção de espaços culturais durante a pandemia da Covid-19. A lei, na visão dos participantes, foi uma resposta do setor cultural diante da nova configuração do Ministério da Cultura.

 

Assista ao vídeo exibido durante a solenidade, fruto do edital InspirArte: https://www.youtube.com/watch?v=xvko6ldZysA&list=PLZ43nhhqGb5aAbSfvmpozRidzLjkrrOSZ&index=1&t=58s

Acesse ao vídeo da abertura do Festival de Artes de Goiás: https://www.youtube.com/watch?v=7v2eY6NUM14

Acompanhe a atividade da tarde de hoje, 4, 15 horashttps://www.youtube.com/watch?v=CtTkyvT-oS8

Acompanhe a atividade da tarde de amanhã, 5, 15 horashttps://www.youtube.com/watch?v=Krnkui86OAc

 

Diretoria de Comunicação Social/Reitoria

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