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 Técnicos administrativos do IFG Aparecida com pós-graduação somam 80% da categoria no câmpus

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Publicado: Quarta, 21 de Maio de 2025, 12h28 | Última atualização em Quinta, 22 de Maio de 2025, 08h48

A maioria elevou sua qualificação acadêmica após ingressar no IFG, denotando ambiente e carreira favoráveis

Dos 45 técnicos administrativos do Câmpus Aparecida de Goiânia, 35 têm cursos de pós-graduação, sendo que 32 investiram ou estão investindo em suas carreiras após o ingresso no IFG
Dos 45 técnicos administrativos do Câmpus Aparecida de Goiânia, 35 têm cursos de pós-graduação, sendo que 32 investiram ou estão investindo em suas carreiras após o ingresso no IFG

A qualificação profissional e acadêmica em cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado) tem sido um caminho trilhado por número significativo de servidores Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) no IFG - Câmpus Aparecida de Goiânia. A unidade conta atualmente com 45 técnicos efetivos e, desses, 36 têm cursos de pós-graduação, o que representa 80% do total, sendo que 32 investiram ou estão investindo em suas carreiras após o ingresso na instituição, segundo informação obtida junto à Coordenação de Recursos Humanos e Assistência Social (CRHAS) do IFG Aparecida.

O número de TAEs que iniciaram cursos de pós-graduação após ingressar no IFG representa 71% dos técnicos lotados no câmpus, o que demonstra que o ambiente institucional e os ganhos financeiros possibilitados pela Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE) favorecem esse interesse pela ascensão. No IFG Aparecida, 19 técnicos administrativos têm mestrado e 17 têm cursos de especialização. Três servidoras estão atualmente cursando doutorado e quatro servidores estão cursando mestrado, o que, em breve, vai representar uma mudança no atributo de qualificação dos TAEs da unidade.

 

Motivadores

O reconhecimento, pelos servidores administrativos, da importância de elevar sua qualificação acadêmica não se limita a vantagens salariais ou à conquista de um título. Os servidores consultados para esta matéria destacaram também como motivadores o aprofundamento de conhecimentos, aprimoramento de competências e melhoria nos serviços prestados à instituição e à sociedade, entre outros fatores. “É ter um compromisso ético, técnico e político com a melhoria da educação”, afirma por exemplo, o servidor Diego Inocêncio Amaral da Silva, que concluiu recentemente o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT/IFG). Na opinião dele, a pós-graduação para os TAEs “é um elemento estratégico para o fortalecimento do IFG e da educação pública como um todo”.

Diego Inocêncio trabalha na área de Aquisições e Contratos no IFG Aparecida e considera que a pesquisa que realizou em seu mestrado o permitiu diagnosticar problemas reais que existem na Rede Federal de Educação Científica, Profissional e Tecnológica relacionados a financiamento público e o desenvolvimento de atividades essenciais para a instituição. Para ele, as ações propostas em sua dissertação “constituem a devolução à sociedade do conhecimento adquirido, sendo crucial para fornecer subsídios fundamentados para a formulação de políticas mais eficazes”, afirmou.

 

Reflexão sobre a prática

A importante ação de pensar criticamente na prática de trabalho é destacada pela técnica administrativa Marly Rodrigues da Silva Souza, que concluiu este ano o Mestrado em Letras e Linguística (UFG). Ela exerce o cargo de Intérprete de Libras e considera que o mestrado lhe possibilitou “refletir com mais profundidade sobre a educação bilíngue e sobre o papel das pessoas surdas dentro do ambiente escolar”. Marly destaca que durante o trabalho, o intérprete “pensa a educação junto com a instituição”. A servidora Cátia Dias Marques, também Intérprete de Libras no IFG Aparecida, concluiu no semestre 2025/1 o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (IFG) e, além das duas intérpretes efetivas, uma das profissionais intérpretes em caráter temporário também está cursando mestrado. “Ter intérpretes com formação em nível de mestrado é um ganho não só para a mediação em sala de aula, mas também para a construção de políticas e práticas mais inclusivas”, considera Marly.

A necessária habilidade para acompanhar transformações constantes é destacada também pela psicóloga Taísa Fidelis do Carmo, que já possuía o título de Mestre em Psicologia (UFG) quando ingressou no IFG. Na avaliação de Taísa, a qualificação possibilita ao técnico administrativo “maior capacidade para lidar com os desafios cotidianos no universo educacional que, a cada dia que passa, se transformam mais rapidamente”. Ela avalia que a qualificação colabora no sentido do reconhecimento institucional e pessoal do servidor, “favorecendo a motivação e o engajamento individual, bem como o coletivo institucional”. Numa via de mão dupla, a profissional vê que “a convivência diária com a produção e a circulação do conhecimento científico pode despertar nos servidores o interesse em aprofundar seus próprios saberes, contribuindo para essa cultura institucional voltada à formação permanente”.

 

Recém e próximos mestres e doutoras

O ano de 2025 está sendo muito profícuo na quantidade de servidores qualificados ou se qualificando em cursos stricto sensu. Somente neste primeiro semestre, cinco TAEs do IFG Aparecida obtiveram o título de mestre: Cátia Dias Marques, Liliane Dias Rocha Silva e Diego Inocêncio Amaral da Silva (os três pelo ProfEPT/IFG), Daniela Kedna Ferreira Lima (PUC-GO) e Marly Rodrigues da Silva Souza (UFG). Ainda este ano, outros dois também devem alcançar o mesmo patamar: Raíssa Regis da Silva Santos (IFG) e Wagner Ferreira Adorno (ProfEPT/IFG). Contemporâneos nos estudos de pós-graduação são Rauler Ferreira dos Santos, que obteve o título de mestre no final de 2024 (PUC-GO); Andréa Rodrigues de Almeida Silva e Ulisses Rodrigues de Alencar, que devem concluir em 2026 seus cursos de mestrado pelo ProfEPT/IFG e pela UFG, respectivamente; e as servidoras que estão cursando doutorado: Bruna Fioramonte Silva (UFG), Ivanillian Ferreira Paislandim (USC - Espanha) e Viviane Lis Mariano Mendes (UFG).

Ao todo, são doze técnicos administrativos que estão atualmente cursando mestrado e doutorado ou que concluíram o mestrado este ano. Tal circunstância mostra o empenho da categoria dos técnicos administrativos na elevação da carreira. Para os servidores, revela também que o IFG é uma instituição cujo ambiente favorece a qualificação dos TAEs, mas muitos destacam a importância da ampliação de direitos, principalmente no que diz respeito à licença para qualificação.

Viviane Lis Mariano Mendes, que está cursando o Doutorado em Letras e Linguística na UFG, declarou que trabalhar no IFG foi um grande estímulo para a realização do mestrado e, agora, do doutorado. “A instituição valoriza a formação e oferece condições objetivas para a qualificação dos servidores. Durante o mestrado, por exemplo, tive acesso a uma licença de capacitação de três meses, essencial na fase de escrita da dissertação. Além disso, a valorização da formação acadêmica por meio do Plano de Carreira dos Técnico-Administrativos em Educação tem sido outro fator motivador para a busca por qualificação acadêmica”, disse.

Para Viviane, o doutorado representa a continuidade de uma trajetória de formação acadêmica, crescimento profissional e desenvolvimento pessoal, mas ela vê também que a qualificação dos servidores é um benefício para toda a instituição: “Acredito que a educação e o trabalho intelectual têm um impacto transformador, e que a qualificação dos servidores públicos gera benefícios diretos, fortalecendo sua atuação, contribuindo para o aprimoramento da instituição e promovendo melhorias diretas nos serviços prestados.

A servidora Cátia Dias Marques, mestre em Educação Profissional e Tecnológica pelo ProfEPT/IFG, diz sentir-se feliz “por ser uma mulher negra que usufruiu do direito do afastamento para capacitação”. Sua afirmação decorre da observação sobre a própria trajetória e no fato de haver poucas mulheres negras entre as técnicas administrativas do IFG Aparecida. “Conquistar o título de mestra é, para mim, mais do que um marco acadêmico — é romper com números que antes nem existiam nesses espaços de poder. É ocupar, com consciência e coragem, lugares que historicamente nos foram negados. É um ato político, um gesto de resistência, de afirmação e, sobretudo, de pertencimento”, diz.

Cátia considera que a licença foi muito importante para a qualidade final de sua pesquisa. Ela ressalta que tal direito foi fruto da luta do movimento dos TAEs pela valorização da categoria e também de sua atuação comprometida com a instituição. A licença remunerada superior a três meses para cursar pós-graduação é possibilitada a 5% do total de servidores técnicos administrativos em exercício na unidade. A limitação vem do que está disposto na Lei nº 8.112/90 e na Resolução nº 11 – CONSUP/2011.

 

Ampliar direitos

A técnica administrativa Raíssa Regis da Silva Santos está cursando o Mestrado Acadêmico em Educação no IFG – Câmpus Goiânia e concorda que, na Instituição, há estímulos para a categoria buscar elevar a qualificação. Ela cita, por exemplo, o aumento de salário e as vagas destinadas a servidores nos mestrados profissionais. Entretanto, Raíssa aponta um desafio: a dificuldade da licença para os técnicos administrativos poderem estudar. “Mas isso não é só no IFG, mas na Rede Federal como um todo”, pondera. Raíssa destaca que o fato de não haver mais a licença de um dia na semana para cursar pós-graduação é um dificultador. “Temos que faltar ao trabalho e repor as horas depois. No caso de quem tem algum cargo de coordenação e trabalha 40h, repor essas horas é bem complicado”, diz.

A bibliotecária Thalita Franco dos Santos Dutra cita, como desfavorável, a impossibilidade de substituição do servidor quando ele se ausenta para cursar uma pós-graduação. “Isso acaba dificultando a saída dos servidores, tendo em vista que naturalmente haverá uma sobrecarga de trabalho para os demais que ficam no setor em que ele atua”, pontua. Thalita, que já tinha o título de mestre em Ciência da Informação pela UnB quando ingressou no IFG, considera que a qualificação é fundamental, principalmente em se tratando de uma instituição de ensino. Ela comenta o fato de que muitos colegas têm conseguido a licença para cursar e finalizar suas pós-graduações. “O Câmpus e a instituição como um todo só têm a ganhar com isso”, encerra.

A técnica administrativa Bruna Fioramonte Silva está licenciada do IFG e cursando Doutorado em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil na UFG. Sua licença foi solicitada “por interesse particular”, porque quando foi aprovada para o doutorado estava trabalhando como professora substituta no IFG - Câmpus Goiânia, o que a inviabilizaria de obter a licença remunerada. “Foi um sacrifício que eu fiz”, afirma. Mas para Bruna, há algo que representa um desafio maior para os técnicos do que a questão de obter ou não licença. “As oportunidades que temos de pós não são bem absorvidas e até a remuneração não é equivalente ao que podemos contribuir com a instituição”, opina. A servidora defende que é preciso haver incentivo para produção de pesquisas, artigos e outros trabalhos científicos pela categoria, por exemplo.

 

Apoio

Aliado ao esforço dos técnicos administrativos por uma evolução constante na carreira e ao diálogo em instâncias colegiadas da instituição está o apoio de colegas. A servidora Marly Rodrigues da Silva Souza conta que, apesar de ter tido apenas a licença de três meses -- caso que é semelhante ao de muitos dos TAEs que enfrentam uma pós-graduação, contou com amparos fundamentais para o andamento de seus estudos e pesquisa. “Contei com o apoio do meu chefe direto, que foi sensível à situação e me permitiu tirar férias durante o período letivo, o que me ajudou bastante. Cada passo foi construído com muito esforço, mas também com a colaboração de pessoas que acreditaram na importância desse processo”, afirmou.

Para o diretor-geral do IFG - Câmpus Aparecida de Goiânia, professor Eduardo de Carvalho Rezende, a perspectiva da educação integral praticada no Instituto Federal de Goiás está alinhada com o desenvolvimento dos servidores técnico-administrativos em suas carreiras, pois atuam na área da Educação e são conscientes da importância da formação e da qualificação profissional. “A qualificação é essencial no serviço público, que não apenas forma seus alunos com diferenciada competência profissional, mas também se preocupa com o aprimoramento contínuo de seus próprios profissionais, sejam eles professores ou técnicos”, disse.

 

ÁLBUM DE FOTOS

 

 

Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia